21/08/2007 FUTEBOL
EXCLUSIVO - Camacho na sua primeira entrevista após o regresso
«Estou aqui de corpo e alma»
O novo treinador do Benfica, José Antonio Camacho, tão cedo não esquecerá as últimas 48 horas. Entre as férias passadas em conjunto com a família sob o sol de Ibiza e o regresso ao clube que orientou (e onde deixou marcas) há três épocas atrás, foi preciso apenas um piscar de olhos. Vieira, presidente do clube da Luz, encarregou-se de o fazer - após o empate do Benfica com o Leixões, que motivou o líder “encarnado” a apostar numa mudança -, deslocando-se ele mesmo ao local onde o espanhol descansava e endereçando-lhe o convite de regressar ao Benfica. Camacho disse “sim” e tratou de viajar para Portugal.
Assim, esta terça-feira rumou bem cedo ao Caixa Futebol Campus e espantou-se quando à porta do centro de estágio do Benfica viu centenas de adeptos à sua espera. Não escondeu a sua satisfação ao longo da conferência de imprensa de apresentação e, algures antes do almoço e o seu primeiro treino nesta sua segunda passagem pelo Benfica, percorreu, de lés a lés, o Caixa Futebol Campus. E gostou do que viu. Foi mesmo por aí que começámos a conversa – a primeira em exclusivo desde que regressou a Portugal – com o senhor que há muito conquistou os adeptos do Benfica, não só pela sua qualidade enquanto treinador, mas igualmente pela forma de estar no futebol.
«Futuro é a formação»
P – Mal terminou a conferência de imprensa da sua apresentação enquanto treinador do Benfica, percorreu todo o centro de estágio. Bem se pode dizer que muito mudou nestes três anos...
R – Sinto que mudou muito, sim. Além do estádio, temos um centro de estágio de enorme qualidade. Fiquei impressionado com o que vi aqui no Seixal. Esta obra é uma maravilha, um local de sonho para trabalhar. Agora, para um clube grande, queremos também ajudar a tornar esta equipa ainda mais grande e poderosa, pois temos condições para trabalhar o melhor possível.
P – Condições essas para apostar na formação...
R – Sim, temos todas as condições para sermos fortes na formação. É esse o futuro.
P – Voltando atrás no tempo, durante estes três anos em que regressou a Espanha, que memórias do Benfica mais lhe vinham à cabeça?
R – Lembrava-me, sobretudo, do quão grande o Benfica é e também recordava com alguma emoção os seus adeptos. Na altura sentia que pouco faltava para voltar a ser um gigante do futebol europeu. Mas, agora, depois de ver estas condições de trabalho e tendo em conta o projecto que o presidente tem levado a cabo, sinto que estamos ainda mais próximos desse objectivo: sermos realmente importantes no panorama europeu.
«Rui Costa é um exemplo»
P – O senhor chega ao Benfica numa altura em que saiu Simão Sabrosa, um carismático jogador, e em que Rui Costa tem provado manter a classe que ainda faz a diferença em qualquer equipa. De que forma vê esta “passagem de testemunho”?
R – Bom, trata-se de dois enormes jogadores. É certo que a saída do Simão vem apenas confirmar que se transferiram, desde o tempo que aqui estive, vários jogadores que estão a ser figuras de destaque em grandes emblemas europeus, mas o regresso de Rui Costa pode ser importante para que todos os elementos das escolas e do plantel do Benfica sintam que neste clube podem tornar-se, também eles, referências do futebol. Ele é um exemplo de um benfiquista que conquistou o mundo e que voltou porque se revê neste clube.
P – Ele pode ser importante na sua estratégia...
R – Vamos trabalhar e tanto ele como os outros mostrarão, certamente, serviço para que, todos juntos, procuremos o melhor para a equipa. Conto com ele e com todos os outros para que o Benfica tenha uma forte dinâmica de trabalho.
P – Quanto aos jovens [Di Maria, Fábio Coentrão e Freddy Adu] que estiveram em destaque no Mundial de Sub-20 e que foram contratados pelo Benfica. O que espera deles?
R – Ainda não os conheço muito bem. Pelo menos, não o suficiente para ter já formado uma ideia. Vamos conhecê-los melhor nos próximos tempos.
P – O Benfica tem alternado, nos últimos anos, entre o 4-3-3 ou o 4-2-2. Vem com ideias predefinidas ou vai alternar entre os dois sistemas?
R – O “4” da defesa não mudará de certeza, mas o resto depende do plantel e do momento, de forma. Queremos, sim, ter uma equipa sempre competitiva. Estou aberto a jogar em 4-3-3 ou em 4-4-2. Mediante o que for melhor para a equipa, poderemos mudar.
«Aqui tenho possibilidade de fazer o meu trabalho com tranquilidade»
P – O que pode prometer aos adeptos do Benfica?
R – Não gosto de promessas. Vamos trabalhar para fazer tudo tendo sempre em vista ganhar. Quando se muda é porque há problemas e aqui estamos para solucioná-los.
P – O que foi feito de si após a curta passagem pelo Real Madrid?
R – Era para mim complicado voltar a treinar sem ser com alguém que tivesse credibilidade e em que eu confiasse. Depois daquele período no Real Madrid foi complicado encontrar algo em Espanha com que me identificasse. Preferi não fazer nada, porque não estou muito de acordo com a maneira de trabalhar dos treinadores em Espanha. Ao contrário, aqui tenho a possibilidade de realizar o meu trabalho com tranquilidade.
P – E a sua família, o que pensa deste regresso?
R – A minha esposa, especialmente, está muito contente. Estamos muito felizes por regressar a Portugal e a Lisboa. Estamos aqui de corpo e alma.
Texto: Ricardo Soares
Fotos: Isabel Cutileiro
Copiado Aqui
EXCLUSIVO - Camacho na sua primeira entrevista após o regresso
«Estou aqui de corpo e alma»
O novo treinador do Benfica, José Antonio Camacho, tão cedo não esquecerá as últimas 48 horas. Entre as férias passadas em conjunto com a família sob o sol de Ibiza e o regresso ao clube que orientou (e onde deixou marcas) há três épocas atrás, foi preciso apenas um piscar de olhos. Vieira, presidente do clube da Luz, encarregou-se de o fazer - após o empate do Benfica com o Leixões, que motivou o líder “encarnado” a apostar numa mudança -, deslocando-se ele mesmo ao local onde o espanhol descansava e endereçando-lhe o convite de regressar ao Benfica. Camacho disse “sim” e tratou de viajar para Portugal.
Assim, esta terça-feira rumou bem cedo ao Caixa Futebol Campus e espantou-se quando à porta do centro de estágio do Benfica viu centenas de adeptos à sua espera. Não escondeu a sua satisfação ao longo da conferência de imprensa de apresentação e, algures antes do almoço e o seu primeiro treino nesta sua segunda passagem pelo Benfica, percorreu, de lés a lés, o Caixa Futebol Campus. E gostou do que viu. Foi mesmo por aí que começámos a conversa – a primeira em exclusivo desde que regressou a Portugal – com o senhor que há muito conquistou os adeptos do Benfica, não só pela sua qualidade enquanto treinador, mas igualmente pela forma de estar no futebol.
«Futuro é a formação»
P – Mal terminou a conferência de imprensa da sua apresentação enquanto treinador do Benfica, percorreu todo o centro de estágio. Bem se pode dizer que muito mudou nestes três anos...
R – Sinto que mudou muito, sim. Além do estádio, temos um centro de estágio de enorme qualidade. Fiquei impressionado com o que vi aqui no Seixal. Esta obra é uma maravilha, um local de sonho para trabalhar. Agora, para um clube grande, queremos também ajudar a tornar esta equipa ainda mais grande e poderosa, pois temos condições para trabalhar o melhor possível.
P – Condições essas para apostar na formação...
R – Sim, temos todas as condições para sermos fortes na formação. É esse o futuro.
P – Voltando atrás no tempo, durante estes três anos em que regressou a Espanha, que memórias do Benfica mais lhe vinham à cabeça?
R – Lembrava-me, sobretudo, do quão grande o Benfica é e também recordava com alguma emoção os seus adeptos. Na altura sentia que pouco faltava para voltar a ser um gigante do futebol europeu. Mas, agora, depois de ver estas condições de trabalho e tendo em conta o projecto que o presidente tem levado a cabo, sinto que estamos ainda mais próximos desse objectivo: sermos realmente importantes no panorama europeu.
«Rui Costa é um exemplo»
P – O senhor chega ao Benfica numa altura em que saiu Simão Sabrosa, um carismático jogador, e em que Rui Costa tem provado manter a classe que ainda faz a diferença em qualquer equipa. De que forma vê esta “passagem de testemunho”?
R – Bom, trata-se de dois enormes jogadores. É certo que a saída do Simão vem apenas confirmar que se transferiram, desde o tempo que aqui estive, vários jogadores que estão a ser figuras de destaque em grandes emblemas europeus, mas o regresso de Rui Costa pode ser importante para que todos os elementos das escolas e do plantel do Benfica sintam que neste clube podem tornar-se, também eles, referências do futebol. Ele é um exemplo de um benfiquista que conquistou o mundo e que voltou porque se revê neste clube.
P – Ele pode ser importante na sua estratégia...
R – Vamos trabalhar e tanto ele como os outros mostrarão, certamente, serviço para que, todos juntos, procuremos o melhor para a equipa. Conto com ele e com todos os outros para que o Benfica tenha uma forte dinâmica de trabalho.
P – Quanto aos jovens [Di Maria, Fábio Coentrão e Freddy Adu] que estiveram em destaque no Mundial de Sub-20 e que foram contratados pelo Benfica. O que espera deles?
R – Ainda não os conheço muito bem. Pelo menos, não o suficiente para ter já formado uma ideia. Vamos conhecê-los melhor nos próximos tempos.
P – O Benfica tem alternado, nos últimos anos, entre o 4-3-3 ou o 4-2-2. Vem com ideias predefinidas ou vai alternar entre os dois sistemas?
R – O “4” da defesa não mudará de certeza, mas o resto depende do plantel e do momento, de forma. Queremos, sim, ter uma equipa sempre competitiva. Estou aberto a jogar em 4-3-3 ou em 4-4-2. Mediante o que for melhor para a equipa, poderemos mudar.
«Aqui tenho possibilidade de fazer o meu trabalho com tranquilidade»
P – O que pode prometer aos adeptos do Benfica?
R – Não gosto de promessas. Vamos trabalhar para fazer tudo tendo sempre em vista ganhar. Quando se muda é porque há problemas e aqui estamos para solucioná-los.
P – O que foi feito de si após a curta passagem pelo Real Madrid?
R – Era para mim complicado voltar a treinar sem ser com alguém que tivesse credibilidade e em que eu confiasse. Depois daquele período no Real Madrid foi complicado encontrar algo em Espanha com que me identificasse. Preferi não fazer nada, porque não estou muito de acordo com a maneira de trabalhar dos treinadores em Espanha. Ao contrário, aqui tenho a possibilidade de realizar o meu trabalho com tranquilidade.
P – E a sua família, o que pensa deste regresso?
R – A minha esposa, especialmente, está muito contente. Estamos muito felizes por regressar a Portugal e a Lisboa. Estamos aqui de corpo e alma.
Texto: Ricardo Soares
Fotos: Isabel Cutileiro
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